Ele é um brasileiro, foi morar na França, estudou economia e por um momento mais que especial se encantou pela fotografia. Super elogiado e criticado por colegas e outras pessoas, Sebastião Salgado, para mim será sempre uma pessoa especial. Sou um apaixonado por biografias, leio bastante. Nesse livro a história se desenrola numa espécie de entrevista. O que deixa a leitura mais fluida, a narrativa do biografado é excelente.

Posso dizer, que depois de Ayrton Senna, provavelmente o brasileiro com maior expressão internacional seja Sebastião Salgado. Não gosto de fazer comparações, assumo. Tião é mesmo um personagem único. Ele inspira gerações de fotógrafos pelo mundo, não só brasileiros. Desculpe, em mais uma comparação, ele é o nosso Indiana Jones: “É verdade, somos como os caçadores que passam muito tempo à espreita da caça, esperando que ela decida sair de seu esconderijo. Fotografar é a mesma coisas: é preciso ter paciência para esperar o que vai acontecer”.

A função do livro é nos brindar com mais informações das que já vimos em entrevistas televisivas e documentários de cinema. Por isso, ela nos deixa tão interessados em saber mais. Ir a fundo nos assuntos é o que nos diferencia das coisas ao nosso redor. Marquei muitas partes dele, pois a versão que eu li é eletrônica para Kindle, o que facilitou meu trabalho. Gostaria de trazer um trecho em que Sebastião Salgado fala do seu encontro com um animal fabuloso: “Darwin viu tudo isso, e eu depois dele – e tenho certeza de que algumas das tartarugas que vi, verdadeiras “autoridades”, também foram vistas por ele, pois são animais que vivem cerca de duzentos anos”.

A velocidade da vida, trabalho e tarefas sempre foi algo que me intrigou bastante, tudo é muito rápido e pra ontem. Não gosto de pensar assim. Tião dá uma indireta e direta ao mesmo tempo em relação a esse assunto, para aqueles que vivem na correria: “Adaptar-se à velocidade dos seres humanos, dos animais, da vida. Mesmo que hoje nosso mundo seja rápido, muito rápido, a vida, por sua vez, não segue a mesma escala. Para fazer fotos, é preciso respeitá-la”. Respeito, essa é deve ser a nossa palavra predileta. O que penso em relação a fotografia , o que vivo e vivemos hoje é um reflexo daquilo que não quero, tudo muito rápido, veloz e desgastante. A fotografia não é assim e a vida também não. Sigamos em frente com um objetivo claro e consistente das coisas.

Daniel Pereira