A curiosidade para ler esse livro é saber como foi criada a XP. Empresa que mudou a maneira como o brasileiro investe seu dinheiro”. Inicialmente, a sensação que tive foi de uma jornada longa. Porém, aconteceu agora. A rapidez com que tudo se transformou é impressionante.

Até mesmo a criação do nome foi algo por acaso: “Dada a total falta de inspiração e, talvez, de ambição de ambos, batizaram-na de XPTO — termo usado para designar algo genérico, sem personalidade”.

O interessante são os acontecimentos ao redor da história. Em uma das negociações relatadas no livro a autora, Maria Luíza Filgueiras, conta: “Um executivo da gestora Sequoia Capital, do Vale do Silício, entrou em contato com Julio. Era David Vélez, um jovem colombiano que buscava oportunidades de negócio para o fundo no Brasil (pouco depois, ele fundaria uma fintech brasileira, o banco digital Nubank)“.

Muito focado Guilherme fazia de tudo para o crescimento da empresa. Sua rotina de vida era monástica: “Acordava cedo, corria no Ibirapuera, voltava e às oito da manhã estava no escritório, de onde saía à noite”. Outra coisa eram as tensões em bater as metas e as disputas com o conselho administrativo.

A fusão com o banco Itaú foi o grande ápice do livro e de Guilherme Benchimol. Várias conversas por aplicativo foram trocadas, muita tensão, muita tensão mesmo dentro dessa negociação. A pergunta é, como algo que eles negaram por bastante tempo “se tornaria” parte da empresa deles. Bom, como isso aconteceu você terá que ler o livro. Na qual ao meu ver é o melhor momento.

Um episódio me chamou a atenção, no início ela conta sobre os apertos financeiros ao criarem a empresa. Um deles, foi a compra e revenda de vale alimentação: “Para evitar a iminente falência, foi preciso uma dose de criatividade. Um amigo de Marcelo tinha uma empresa de benefícios que emitia vale-refeição e vale-alimentação. Numa conversa informal, ele havia mencionado a existência de um mercado de compra e venda de vales. Funcionava assim: empresas pequenas compravam os vales de funcionários que preferiam ter o dinheiro na mão e aceitavam vendê-los com desconto”. A manobra ajudou eles a se segurarem por um tempo, porém não durou muito. Claro fugia completamente dos objetivos deles.

“Mas ninguém queria saber de investir em ações, muito pelo medo do desconhecido — e, para convencê-los, talvez o jeito fosse explicar como aquilo tudo funcionava”.

Maria Luíza Filgueiras

No começo criaram os cursos. Antes Guilherme ia de cidade em cidade, passava o dia na rua tentando convencer as pessoas a investirem em ações. Foi aí que eles começaram a ensinar as pessoas a investirem na bolsa: “Mas ninguém queria saber de investir em ações, muito pelo medo do desconhecido — e, para convencê-los, talvez o jeito fosse explicar como aquilo tudo funcionava. O caminho era dar um cursinho básico sobre a bolsa, concluiu Guilherme, para que alguém entendesse o que ele estava, afinal, tentando vender”.

Como isso se tornou realidade? Realmente, é o que fascina no livro. O que mais me impressionou foi a carta de Guilherme aos sócios da XP quando eles venderam ações da empresa para o Itaú. Palavras que a cada linha demonstra equilíbrio e perseverança: “O dinheiro não é para se “brincar”, é para se investir a longo prazo, buscando preservação de capital e mitigação de risco“. Vale muito a leitura de toda a carta (e-mail), pois define o que é a empresa e o que eles sonham para o futuro.

“Nós temos os melhores produtos e os bancos são nossos concorrentes”.

Guilherme Benchimol

A história da XP reverbera pelas redes, jornais, revistas e vários veículos. É possível conhecer de leve o que eles fizeram e fazem atualmente. O interessante de ler o livro é saber como tudo foi criado. Gostou do nosso conteúdo, compartilhe em suas redes sociais e ajude a espalhar palavras!