Recebi um convite: falar de um livro neste dia tão especial da mulher. E iniciei meu texto como uma forte declaração de amor. Daquelas cheia de choro, de risos, aquela luz enorme. Ser aquela luz que cresce, imensa, amarela. E um livro fez meu coração pulsar mais forte.

E é assim mesmo. Tem livros que plantam uma semente. Algo pequeno e profundo. Singelo, forte, significativo. Esse é o livro Mulheres: retratos de respeito, amor-próprio, direitos e dignidade de Carol Rossetti.

Não basta ter textos incríveis: as ilustrações são atores protagonistas também desse livro que sou verdadeiramente fã. É tão único e tão nosso; que quando gosto muito de uma pessoa, dou ele de presente. Os retratos da Carol Rosseti são super coloridos e cheios de vida. Dá um orgulho danado ter uma mulher que nos apresente, que torne vívidos signos tão fortes e femininos.

A capa incrível de Mulheres

A capa incrível de Mulheres

E a capa nos arrebata – os tons nos elevam a nós mesmas e nos tomam de primeira. Sua Introdução nos lembra que incluir é preciso. E todas estão lá. Carol inicia suas palavras como um bate-papo, como ela mesmo afirma, sem nos colonizar, com temáticas variadas. Sempre mostrando situações de vulnerabilidade – para mais, para menos; mas ela está lá, sempre presente; em um projeto que permite que qualquer indivíduo possa ler e partilhar o livro.

E o abro mais… e lá está um dos objetos de estudo atual para mim: o Corpo. E a autora fala comigo: “Não há uma forma única de ser bonita nem a beleza deveria ser o foco da autoestima feminina”. A marca da Alanna, a decisão ou não de se depilar da Amanda, tattoos em mulheres, (com direito à parceria com André Oliveira). E tem mais: estigmas fortes como a loira burra, intervenções cosméticas cirúrgicas, dentre tantas outras escolhas que são minhas, suas, de quem as deseja e verdadeiramente as quer.

A questão do emagrecimento é abordada em diversos aspectos: seja no aumento de quilos ou de ser magrinha; como o de ser bonita, inteligente, de andar de short ou serem reduzidas à fetiches. Tudo, absolutamente tudo que é corpóreo no universo feminino faz parte do livro da Carol. E introduz uma forte crítica aos padrões, estigmas e preconceitos.

Nesse capítulo achei linda a ilustração de uma pessoa deficiente com a representação de sua cadeira de rodas como instrumento de liberdade. A autora pinta com cores lindas mulheres que querem ser reconhecidas como indivíduos, seres humanos, dentro das suas realidades e condições. É a inserção de quem somos, como somos, como queremos ser. E segue para o próximo ponto: a Moda. Opressora ou libertadora? Cabe a cada um decidir seu perfil, seu desejo, sua vontade. E a Identidade toda conta. É um tópico que envolve sexualidade, gêneros, valores e crenças.

Seguem às Escolhas, Amores e por último Valentes: “há muito mais no outro do que o enxergamos em um primeiro momento”. Todas em uma. Viver mulher. Ser, uma tarefa diária. Já vejo a plantinha crescendo. Obrigada, Carol!

Daniela A. Rabelo / Mulher, escritora, eterna estudante.