Tenho devorado uma série de livros que falam dessa nobre arte que é a escrita. Quando comecei a jornada eu pensava comigo mesmo: impossível! Explico, basta estar vivo para respirar, a cada passo uma caminhada,  escrever é algo orgânico em nós, fácil. Bem, nada disso, aprendi que estava redondamente enganado. O conhecimento, a ordenação de ideias, escolha das palavras, extrapolam a imaginação, e mais a criatividade é um importante personagem.

O livro escolhido foi do professor Charles Kiefer, Para ser escritor, conteúdo e proposta didática de forma direta e simples, sem rodeios, diretamente ao que importa. Um trecho extraordinário, que gostaria de compartilhar é esse: “Em meu já longo aprendizado como professor de escritores, vi talentos extraordinários, gênios precoces à Grande Obra autodestruírem-se pelo amor exacerbado que devotam a si mesmos. O ego é bom, e que ele fique na gaveta.

O escritor é um veículo, as palavras devem fluir, o papel já é predeterminado, o ponto final, isso sim é a residência do escritor: “Nesse espaço, entre o pensamento e a expressão, vibra no ar um ser sutil, fátuo e que, terminada a frase, concluído o texto, se evapora. Nesse átimo, o escritor é escritor. Aí e somente aí.”

Vivemos no mundo da imagem, concordo com o autor, em que ele descreve: “Hoje, no mundo da imagem em que vivemos, não é mais preciso “explicar” o que é um abacaxi, como o fez uma famoso viajante francês em fins do século XIX”, apesar disso, perdemos em profundidade de conteúdo até mesmo nas imagens. Ler o mundo se tornou descartável, parece que não existe nenhuma novidade.

O melhor, conselho de Mario Quintana, para o Charles, que foi  amigo dele e num encontro, sentados num banco, ele disse para Kiefer:

– escreva 200 poemas…

Tirou a fumaça do nariz, olhou uma eternidade para os transeuntes e depois me encarou:

– publique 20.

Para terminar destaco um trecho predileto, parece simples, porém me tocou profundamente: “Os índios guaranis usavam duas dezenas de palavras para referir-se a um simples pôr de sol. Para cada matiz, uma palavra diferente. Os esquimós têm dezenas de substantivos para caracterizar a cor branca”.

A escrita é igual a liberdade, uma coisa individual que se torna coletiva, pense nisso!

 

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