Carlos Drummond de Andrade
Nova reunião 23 livros de poesia
(Companhia das Letras)

A substância, o estrato e toda uma essência do que é realmente palatável aos pensamentos e aos olhos, assim é o convívio com Carlos Drummond seja: na cabeceira, na mesa de jantar e também no braço do sofá é a consistência para estudiosos e amantes da boa poesia e leitura.

Pesquisei bastante antes de comprar essa reunião de poesias. Um deleite entre as páginas. O verdadeiro revirar, tilintar de ritmos e cadências verbais. Em homenagem ao momento tupiniquim que vivemos, e a nossa imprensa também, fica o meu poema predileto logo abaixo. Para aqueles que não conhecem o que são linotipos, eles eram as letras feitas em chumbo que formavam as frases para impressão do jornal.

POEMA DO JORNAL

Carlos Drummond de Andrade

O fato ainda não acabou de acontecer
e já a mão nervosa do repórter
o transforma em notícia.
O marido está matando a mulher.
A mulher ensangüentada grita.
Ladrões arrombam o cofre.
A polícia dissolve o meeting.
A pena escreve.

Vem da sala de linotipos a doce música mecânica.

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