O que a sociedade norte-americana, ao meu ver, faz de melhor é trabalhar em equipe. A prova disso é o livro Criatividade SA, que conta a história do estúdio Pixar, segundo a ótica de um dos criadores, Ed Catmull. Com uma narrativa simples, frases de efeito e crescentes tópicos relacionados ao comportamento das suas equipes; ele mescla a história do surgimento da empresa em conjunto com os métodos usados para gerar ideias claras e objetivas em seus funcionários e parceiros.

Eu admito, imaginei outra coisa quando comecei a ler. Pensei comigo, uma narrativa cansativa, algo sobre previsão de ações e discussões entre executivos. Tomei meu pensamento por engano. A narrativa é envolvente, dinâmica com relações profissionais cultivadas ao custo de muito suor e trabalho. Seria bom destacar a participação de Steve Jobs na fundação e nas ideias, que foram a base de pensamento da empresa. Várias páginas dedicadas ao relacionamento da Pixar com o fundador da Apple. E já li duas importantes biografias a respeito de Steve Jobs e em breve devo apresentá-las aqui no blog.

O tópico liderança oferece força ao livro. Um exemplo a ser seguido por empresários, que ao redor do mundo pensam em tornar as equipes de suas empresas mais dinâmicas. Ed Catmull dedicou tempo e esforços para drenar pensamentos e estratégias relacionadas ao trabalho em equipe: “Passei quase quarenta anos pensando a respeito de como ajudar pessoas inteligentes e ambiciosas a trabalhar em conjunto de forma eficaz. Para mim, minha função como gerente é criar um ambiente fértil, mantê-lo sadio e buscar as coisas que o prejudicam. Creio firmemente que todos têm potencial para serem criativos – qualquer que seja a forma assumida pela criatividade e que incentivar esse desenvolvimento é coisa nobre.” Criar um ambiente favorável, deixar o funcionário à vontade, para uma grande corporação é algo difícil de se emplacar. As pessoas com seus pensamentos divergentes, culturas diferentes e comportamentos diversos, e claro muitas disputas. Consolidar um único pensamento em relação ao todo é uma grande tarefa.

Falar em críticas para as pessoas do mundo das artes é algo como pisar em ovos. Sejam eles, desenhistas, pintores, fotógrafos, artistas plásticos, animadores, diretores de arte, designer, enfim os profissionais que usam a imaginação na máxima utilização da palavra, sim, a crítica para eles é algo avassalador. Então, como eles lidaram com isso: “mas existem vezes em que um crítico realmente se arrisca: na descoberta e na defesa do novo. Muitas vezes o mundo é cruel com novos talentos e novas criações. O novo precisa de amigos”, e também “a falta de sinceridade, se não for controlada, acabará criando ambientes disfuncionais”.

Para tornar mais suave essa transição, a Pixar, criou um método de avaliação e discussão das ideias que se tornou muito eficaz que eles chamam de Banco de Cérebros: “Para compreender o que faz o Banco de Cérebros e por que ele é tão vital para a Pixar, você precisa começar com uma verdade básica: as pessoas que assumem projetos criativos complicados ficam perdidas em algum ponto do processo”. É muito interessante ao longo do livro, pois as situações, os casos, as aplicações e principalmente a evolução desse método é didaticamente bem apresentada.

A lista é enorme de marcações nesse livro. Uma dica, para quem lê nos dispositivos portáteis é fazer anotações durante os textos, o software permite colorir com outros tons as marcações e adicionar comentários. Um recurso indispensável para mim, uso muito, dependendo do livro é o tempo todo. Porém, prefiro o impresso, o papel é muito mais portátil, o tátil ainda é surpreendente. O cheiro do papel, a dobra das páginas e até a marcação do copo de café na borda. Devo fazer um post em breve só sobre isso. Nesse livro eu usei 2 dispositivos intercalados, o Amazon Kindle (bem antigo) e o iPad 4. Eles sincronizam entre sim de onde você parou pela nuvem.

Prática fundamental para leitura lê e reler, exercícios de peso para memória e argumentação. Por isso, quando olho globalmente para o livro percebo que o foco é para dois tipos de profissionais que vão aproveitá-lo bastante, o empresário e o criativo. Para terminar uma frase: “Meça o que puder, avalie o que mede e lembre-se de que não pode medir a maior parte daquilo que faz. E, vez por outra, recue um pouco e pense a respeito do que você está fazendo”.criatividade-SA-projeto-vamos-ler-mais-foto-rodrigo-jorge